SEMPRE VIVEMOS NO CASTELO
de Shirley Jackson
Certamente uma das melhores apostas editoriais do ano de 2010 em Portugal este «Sempre Vivemos no Castelo», de 1962, da escritora norte-americana Shirley Jackson, autora que passou quase despercebida no nosso país. É uma obra sobre mundos paralelos e de fantasia, isolamento e defesa desse isolamento, sentimentos de posse, ostracismo, loucura, etc. Tudo dentro de uma história bem contada, sem palavras a mais, dentro de um ambiente psicológico subtilmente bem montado. O livro começa assim:
Chamo-me Mary Katherine Blackwood. Tenho dezoito anos e vivo com a minha irmã Constance. É frequente pensar que se tivesse tido um pouco de sorte poderia ter nascido lobisomem, porque o anular e o dedo médio das minhas mãos têm o mesmo comprimento, mas tive de me contentar com aquilo que tenho. Não gosto de me lavar, nem de cães ou barulho. Gosto da minha irmã Constance, de Ricardo Coração de Leão e do Amanita phalloides, o cogumelo da morte. Todas as outras pessoas da minha família estão mortas.
A última vez que olhei para os livros da biblioteca que se encontram na prateleira da cozinha já há cinco meses que tinham ultrapassado o prazo de devolução, e perguntei-me se teria escolhido outros se soubesse que aqueles eram os últimos livros, aqueles que permaneceriam para sempre na nossa prateleira da cozinha.
Shirley Jackson
em Sempre Vivemos no Castelo
Cavalo de Ferro, 2010
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Uma excelente escolha para quem quer ler um livro que junta a história bem contada ao estilo.
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