Já aqui havia publicado um poema de Rudyard Kipling e agora se publica este Se.
SE
Se puderes manter a tua calma quando à tua volta
Todos já a perderam e por isso te culpam;
Se puderes acreditar em ti quando todos te duvidam,
Mas prestar atenção à sua dúvida giratória;
Se puderes esperar sem te sentires cansado de esperar,
Ou sendo enganado, não lidar com mentiras,
Ou sendo odiado, sempre ao ódio virar a cara,
E agora não parecer demasiado bom, nem inteligente;
Se puderes sonhar sem fazeres do sonho o teu mestre,
Se puderes pensar sem fazer do pensamento o teu alvo,
Se puderes encontrar-te com o triunfo e a desgraça
E tratar do mesmo modo esses dois impostores;
Se puderes suportar ouvir as verdades que disseste
Distorcidas por cretinos fazendo armadilhas
E ver as coisas por que deste a vida destruídas
E rebaixando para as fazeres de novo.
Se puderes arriscar numa única e infinita jogada
Tudo o que a tua vida te deu e perder e, ao perder,
sem nunca dizer uma palavra, regressar aos começos;
Se puderes forçar o coração, nervos e músculos, para
que sirvam os teus regressos depois de eles se irem,
E então persistir assim até não haver nada em ti
Excepto a Vontade que lhes diz: "Aguentem".
Se puderes falar com multidões e manter a virtude,
Ou passear com reis e não perder o bom-senso,
Aí nem inimigos nem amáveis amigos te podem magoar.
Se todos os homens puderem contar para ti mas nenhum
em demasia, se puderes preencher o minuto imperdoável
com sessenta segundos de uma distância em fuga,
Tua será a Terra e tudo o que ela contém, mas, acima
de qualquer coisa, serás, meu filho, um homem.
Rudyard Kipling
Tradução de Pedro Calouste
.
Sem comentários:
Enviar um comentário