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terça-feira, 2 de março de 2010

Um poema de Sylvia Beirute - Poema de Beneficência























POEMA DE BENEFICÊNCIA

introduza um colapso numa dúvida. recolha-a por elementos. coloque perguntas ao redor. as respostas situam-se entre tempos verbais. um detalhe apaga-se para dar lugar a outro. a memória como um todo. qualquer força para medir é uma inexpressão na arte. não há um só caminho aberto em direcção a um caminho aberto. imperdibilidade é um modo feio de beleza. as coisas mais belas são decíduas porque não assíduas. como aquele fragmento de biografia sem palavras que procura corporalidade no texto. o seu instinto difásico é como um diálogo em que as duas linguagens se friccionam e encontram como que numa orla central em que tudo o resto se autopune até à morte, ficando um quadro de órgãos estrelados. quem entrou aqui introduziu um colapso numa dúvida, recordo. quem tem dúvidas não morre verdadeiramente. recolher elementos de dúvida é uma ocupação como qualquer outra. os ocupados não morrem. a estética escultural do olfacto é mais importante do que as auto-estradas. por isso, vá a pé na imaginação férrea do silêncio. cheire a paisagem que se absorve lentamente ao fundo e que rasga com ternura a ternura do céu de outono. não ande demasiado. quanto mais andar mais esperança surge. surgir esperança é surgir um espelho, e um espelho é difuso apenas na interioridade. intimidade. é como o poema. o poema que mudou. que se deslocou até aqui porque fez uso das possibilidades, probabilidades, matemáticas e deslumbres que a arte oferece. ontem, quando o visitei, o poema era literatura. hoje é mistificação das bases. e ter um pensamento único, convenhamos, é a fruição da vanguarda. a vanguarda converte porque gera metades de tudo o resto. e tudo o que é metade se perde.

Sylvia Beirute
inédito

8 comentários:

  1. sylvia,
    de quando todas as metades (seja lá quantas forem) se acham.

    sempre é bom te visitar.

    abraços do
    roberto.

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  2. Olaaaaa. Adorei seu blog, beijos e muita luz..Vou seguir vc ok?

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  3. quem é curioso não morre de verdade. adorei isso. como uma fórmula para a eternidade.

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  4. convite para a seguir a história de Alice
    lá no ...continuando assim...


    bj
    Teresa

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  5. quanta beleza! um beijo de uma poeta carioca.

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  6. as coisas mais belas são decíduas porque não assíduas.

    Lindo, moça.

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