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domingo, 29 de agosto de 2010

GUNNAR BJÖRLING - POEMAS - POESIA - ANÁLISE CRÍTICA























sb: série poetas

GUNNAR BJÖRLING


Não podemos dar a verdade a quem quer decidir que aspecto é que ela deve ter.
                                                                                        Gunnar Björling

Transferir a vida, verificar as diferenças após a transferência, transmutação de um facto de uma realidade para outra realidade, sabendo que cada uma tem a sua obscuridade, o seu desígnio. Isto leva-me ao que tenho lido sobre o poeta Gunnar Björling (1887–1960, Helsínquia, Finlândia) e ao que ele próprio dizia sobre a sua poesia: uma poesia que não se incluía dentro das palavras que utilizava, usando um lado céptico na sua linguagem, como se fosse possível separar a linguagem do conteúdo.

Gunnar Björling foi, para muitos, o mais radical poeta da Finlândia e Suécia (era finlandês de expressão sueca), tendo-se dedicado a partir de certo tempo, e depois de ter sido professor (diz-se que as opiniões que nas suas aulas expressava eram menos convencionais, o que lhe traçou o destino), em exclusivo à poesia. Devido a este facto, viveu em condições miseráveis numa cave da cidade finlandesa de Helsínquia. Nesta cave recebia alguns jovens poetas, não só da Finlândia, mas de toda a Escandinávia, sendo na altura muito apreciado.

A sua poesia começou por ser de imagens abertas, mas cedo o poeta subverteu as regras  (por vezes até da sintaxe) e essa poesia passou a conter-se dentro dos estritos limites da linguagem que criara. Mas essa linguagem, ao contrário do que se possa pensar, era, afinal, a linguagem pura do quotidiano, embora exposta de modo a criar outros sentidos, uma outra exposição do ser nas suas múltiplas manifestações, a que não é indiferente o facto de o poeta ser influenciado pelo dadaísmo. Björling chegou a dizer que a linguagem constituía o “médium poético”. E isto quererá dizer que a sua poética não pode, nem deve, ser contida (ou presa) nas palavras que a “representam”. E este verbo (representar) uso-o num sentido exacto, significando a parte pelo todo, ou seja, o “poema de palavras” como parte de uma “poesia de significados”, como que numa dimensão espiritual, análoga à dos humanos: carne e espírito.

Vejamos o que nos diz a sua poesia:


*

não fomos embora sem nome
a nossa vida era dar nome
e palavra e forma,
dar luz ao olho
dar pedra e a areia
para aprender que não aprendemos
e isso debaixo do nome do mundo
e o nome vai mais fundo
sem nome.

*

Corta, corta-
-te, a tua palavra
corta o teu
contorno, o que tu não
consegues explicar.
sê o que tu és,
sê aquela música,
sê tu, tu mesmo
como uma palavra-concerto
sê tu, como um escondido na mudez
do mundo,
um concerto sonhado.

*

Não tenho nome de pássaro e texto de erva
e do fundo de mim eu falo
ouvirei essa voz
pesquiso, encontro palavras: e vêm,
palavras vindo mais que o entendimento,
palavras e nenhuma é.

*

Onde eu navego as minhas próprias e grandes águas,
estou eu muito perto de ti
onde tu passeias
e falarei em breve uma língua
de tudo o que nós amamos.


Poemas de Gunnar Björling
(traduções inéditas de João Muzi)

obra publicada inclui:

  • Vilande dag (1922)
  • Kiri-ra! (1930)
  • Solgrönt (1933)
  • Fågel badar snart i vattnen (1934)
  • Att syndens blåa nagel (1936)
  • Där jag vet att du (1938)
  • Det oomvända anletet (1939)
  • O finns en dag (1944)
  • Ord och att ej annat (1945)
  • Och leker med skuggorna i sanden (1947)
  • Vårt kattliv timmar (1949)
  • Angelägenhet (1949)
  • Ett blyertsstreck (1951)
  • Träd står i sina rader (1952)
  • Att i sitt öga (1954)
  • Du jord, du dag (1957)
  • En mun vid hand (1958)
  • Hund skenar glad (1959)
  • Dikter (1959)
  • Allt vill jag fatta i min hand (efterlämnade dikter, 1974)
  • Jag viskar dig jord (1992)

Artigo escrito por Sylvia Beirute

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