FALSA MORTE
Humilde, terno, numa sepultura majestosa,
No monumento impassível,
Pleno de sombras, de renúncias, e de amores gastos,
Que já se fazem no seu perdão cansado,
Eu morro, eu morro dentro de ti, caio e caio,
Mas dificilmente fico diminuído sob o túmulo,
No qual a extensão das cinzas me convida à dissolução,
Este morto claro, dos que ainda regressam à vida,
Com tremor e olhos que olham, iluminados e que mordem,
E sempre me puxando para uma nova morte
Mais sumptuosa que a vida.
Paul Valéry
Versão de Pedro Calouste
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