Morreu na última semana o poeta romeno Adrian Paunescu (1943-2010), talvez o poeta mais famoso da Roménia, tendo sido também jornalista e político. Um poema:
E AINDA O AMOR
E ainda o amor existe
E ainda a maldição existe
Deixo o mundo saber
Que amo, tenho fé e medo.
E ainda a insónia existe
E ainda morremos repetidamente
E ainda acredito em almas gémeas
E ainda qualquer coisa muda.
Exigências do mundo que não possuo,
Uma cama, a escuridão e tu.
Pisamos o chão do amor sem nome,
O tremor como um trovão que atinge.
As máquinas do mundo não andam,
As redes de comunicação caíram,
Um enorme deserto se deita em volta,
acordarás o mundo com um beijo.
Agora declaro-te deusa,
Sinto-me eu próprio um deus.
Pôe o mundo de pé, mulher,
com crianças em meu nome.
Lá fora um enxame de escuridão,
Aqui somos luminosos.
Guerras entre religiões
Culpando-se das mesmas coisas.
Tu e o amor, ambos existem
E a morte existe no amor.
Amo-te mais quando estás triste
A tristeza, de facto, és tu.
Os joelhos eu rendo no asfalto,
Ofereço a minha cabeça ao céu,
Estás nos meus poderes agora
Apesar de a inquisição te querer.
As minhas palavras estão distorcidas,
Regresso à primeira sílaba.
Destruo a floresta que te esconde:
"Adeus, ou seja, eu fico".
E ainda o amor existe
E ainda a maldição existe
Deixo o mundo saber
Que amo, tenho fé e medo.
Adrian Paunescu
Tradução de Pedro Calouste
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