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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

HOMEM NO ARAME - POEMA - SYLVIA BEIRUTE






















HOMEM NO ARAME

                                      O essencial é delinear movimentos no céu. Movimentos 
                     tão silenciosos que não deixem traço. O mais importante é a simplicidade. 
                                 É por isso que o longo caminho para a perfeição é horizontal. 
                                                                          philippe petit

e ele tenta incomodar a inexistência.
o nada lá em baixo. o ninguém de tempo 
solto e explicações ofídicas.
a pessoa certa está por cima das nuvens.
como se se pusesse longe.
como se escondesse o medo.
como se se escondesse do medo.
e o arame da voz nos pés. o arame da voz 
é agora cada coisa, cada janela aberta para 
um sono de letras que desorbita 
o queixo do mundo. o queixo
na forma de uma desforma do mundo
que lê marx e leminski, conhece
antíteses terapêuticas, predomínios
estranhos no desejo de um corpo de lugares.
e ele continua connosco. philippe
petit entre as torres gémeas, incomodando
a inexistência, sorrindo sobre a saudação
do coro, escamas de palavras que o orgulham
e cegam.

Sylvia Beirute
inédito
.

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