quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
ADIAMENTO - POEMA - SYLVIA BEIRUTE
ADIAMENTO
não posso adiar para outro século a minha vida / nem o meu amor / nem o meu grito de libertação /
Não posso adiar o coração.
..............................................................António Ramos Rosa
foi adiado o poema. adiado para a obra
de uma outra língua,
onde muita gente tem talento e vida,
o azul é fragmentário sobre
as tonalidades do imprevisível.
e não resta nada de infância no poema.
ele nasceu no lastro de um desejo maduro
e expõe a esperança através do ilógico.
foi adiado o poema porque a música
lhe parecia uma imagem diferente
e o povo desta nossa língua
não presta muita atenção às frases.
e o todo: não existe. existem começos.
começos-inícios-princípios.
começos que fingem ser fins, e estes
finalidades retóricas de outra espécie.
e nada disto existe hoje, e o poema foi adiado.
enviado aos deuses. adiado.
Sylvia Beirute
inédito
.
Etiquetas:
poemas próprios
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sylvia, estava pensando sobre essas questões de adiamento hoje mesmo pela manhã, e me sinto confortável ao ter mais que um argumento próprio para me guiar. Poema muito interessante, faz o criador pensar... Abraços.
ResponderEliminar