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sábado, 15 de janeiro de 2011

JOANA DIAS ANTUNES - DE FRENTE PARA O NADA - POEMA























DE FRENTE PARA O NADA

No interior dessa superfície brilhante habita o perfeito afiado
capaz de desenhar um rio, forte e fresco com uma carícia
em cada sulco, pele, tubos de fibras e feixes venosos.
Depois descansa a cabeça nesse colo, pura memória
enquanto a dor afunda - toda ela - no mar vermelho
tornada leve tão leve tão leve ---
enquanto passa a hora lenta como a vida e um só sopro
enquanto embalas como um anjo a escultura viva
criada só de beijos só de paz só ---
tu, que vives mais à frente, sempre mais à frente, além ainda
por mais que corra nunca viverei esse tempo que nos separa
uma distância única esta nossa ---
extintas civilizações intersectadas entre planos paralelos
resultam num ponto - universo - sol e todas as estrelas
e de novo o nada onde começamos novamente
fingindo nenhuma intimidade nenhum novo perfume
exalado do passado de tanto esgotarem os corpos
só a estéril branca farda e essa máscara facial
li o teu recado resposta a promessa do meu silêncio
é tua como a cicatriz por dentro do amor
pouso o coração inteiro no agora
e atravesso a passagem de nível.

inédito
.

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