C'ORAÇÃO
dormes no teu sonho, leitor.
o teu objecto de tempo respira
o que terias sido
entre a intenção das nuvens.
e isto nada tem que ver com o coração.
o corpo não precisa de um coração
que se consome a si mesmo
com aquilo que a esperança pede.
dormes no teu sonho, leitor.
e agora com estas palavras, com
a minha morte reproduzida em palavras,
compreendendo
aquilo que de mais avulso há:
a doença, a surpresa temerosa
comparecendo
ao silêncio, a atmosfera visível
do sentido inocente exercitando
a planura do movimento.
e tu dormes no teu sonho, leitor.
enquanto a oração passa
e nós descobrimos o nada.
Sylvia Beirute
inédito
.
Só tenho duas palavrinhas para isto: U...AU. Sublime cadência poética. ;)
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