Quando soube da morte da actriz sueca Lena Nyman, tive vontade de rever o Sonata de Outono (1978, título original Höstsonat) de Ingmar Bergman, onde esta actriz é uma das protagonistas. Arrepiou-me como se tivesse visto da primeira vez aquela relação entre mãe e filha, a tortura de palavras, a teatralidade daquele drama indo ao extremo, a poesia dos monólogos dentro de aparentes diálogos. Não me parece que seja um filme para quem procura entretenimento. É sim um filme para quem aprecia o significado dos silêncios, o respeito pelo passar natural do tempo, ainda que ele consiga conservar o ódio e a raiva intactos, o poder das palavras como realidade com habilidade para mudar a substância das situações. Talvez ainda veja uma terceira vez este filme, seleccionando previamente as cenas, analisando e sentindo todas as outras linguagens nele contidas.
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E se existe algo de gracioso na dor/raiva/tristeza talvez se aproxime da sensação de que aos poucos ela faça emergir novas infinitudes. O Bergman sabendo disso, torna-se maestral.
ResponderEliminarUma ótima semana, Sylvia Beirute!